É um problema que afeta com mais força os setores de TI e telecomunicações e, ao que parece, segue sem solução. Uma pesquisa encomendada pela Cisco à IDC e divulgada recentemente – The Network Skills in Latin America – mostra que, até o final da década, este déficit será de 449 mil profissionais na região.
Obviamente o Brasil é o país em que a falta de profissionais de rede vai se dar com mais força: chegaremos a 2019 com uma demanda reprimida de 161 mil pessoas. E olha que estamos melhorando. Em 2015, faltavam no País 195 mil profissionais.
É curioso notar que o gap de profissionais se dá porque há, no Brasil, um tremendo desinteresse dos jovens por se formar em uma área onde sobra empregos. Uma outra pesquisa, esta realizada pelo Vagas.com sobre o primeiro emprego. Quando questionados sobre o desenvolvimento de sua carreira, 59% dos respondentes imaginam-se daqui a cinco anos trabalhando em profissionais tradicionais, como advogado, médico ou dentista. Justamente aquelas em que a concorrência é maior e os salários, menores.
Em contrapartida, só 29% dos participantes disseram ter interesse nas chamadas profissões do futuro, como desenvolvedor mobile ou brande digital. Não se trata exatamente de TI e telecomunicações, mas, mesmo que o setor se encaixe nesta categoria, o déficit tende a aumentar. Ou pode ser maior. Quando perguntados sobre que áreas mais os seduzem, somente 27% dos jovens apontaram TI como escolha.
É um problemão e, embora muita gente não perceba, tem relação direta com o posicionamento do Brasil e de sua economia no futuro. Quando falamos em formar profissionais de TI e telecom, estamos falando em suprir uma demanda que, cada dia mais, se coloca como desafio para as empresas: evoluir suas infraestruturas e digitalizar seus processos. E por que TI e telecom? As duas áreas estão convergindo de forma cada vez mais forte. Ainda de acordo com o estudo da Cisco, 38% das empresas brasileiras vão investir em projetos de IoT em curto prazo.
Formar e colocar no mercado os profissionais certos é um desafio não apenas para as empresas, mas também para os governos, porque disso depende a ampliação da inovação e, com ela, de nossa competitividade global. Só um exemplo: o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aponta que, se aumentarmos em apenas 10% a penetração da banda larga, isso pode representar um aumento de 3,9% no PIB e de 2,61% na produtividade de um país.
Perceberam? Se a área de TI já era atraente, a área de especialização criada por sua convergência com telecomunicações tem se tornado ainda mais. Mais que emprego, trata-se de acelerar o crescimento do País.